São Paulo Fashion Week Verão 2013/14: Alexandre Herchcovitch
23/03/2013Quarto Dia: Alexandre Herchcovitch
Apaixonante. Isso que você irá dizer ao assistir o desfile do verão 2014 de Alexandre Herchcovitch. Dentre os prodígios da moda nacional, é inegável o fato de que ele é o mais falado e, até digamos, o mais badalado. Por um lado, isso é bom, claro. O sonho de todo estilista é ver suas produções mundo afora, na boca de todas as personalidades importantes da indústria. Contudo, numa onda de valorização da cultura interna, Herchcovitch seria o último a ser listado, porque, em minha opinião, a fama global internacionalizou sua forma de ver a moda. Nessa temporada, vi muito da visão de mundo da Chanel, embora não seja correto da minha parte basear os comentários em comparações alheias.
Nostálgico, auto-reflexivo e vintage, Alexandre embarca na sua própria coleção verão 1999 para se inspirar, revendo conceitos e incorporando novos para reescrever sua identidade, fator importante atualmente em meio a grande diversidade de gêneros e mentes disponíveis. Indispensavelmente, a elegância e o requinte foram as palavras-chave para os vestidos esvoaçantes, feitos em tecidos extremamente delicados, alguns que nem mesmo podiam ser pendurados nos backstages. São visuais mais recatados, tipicamente na estética mais conservadora dos anos anteriores ao Novo Milênio. A estruturação sugere algo baseado em retas, e eu não quero dizer retilíneo. O estilista desenha o corpo a partir da combinação de linhas retas, formando ângulos interessantes e “pontiagudos”, outra tendência pré Anos 2000. O preto e branco aparecem como base única da palheta, variando fracamente em menos de dez peças, em cores como o roxo e o cinza.
Há certa influência de listras na composição das estampas, reforçando os ideais retificados nas formas. Com elas é que se criam também a impressão de camadas na barra dos vestidos, podendo ser enviesadas, volumosas, plissadas, longas, curtas e até assimétricas. Belissimamente, o designer utiliza zíperes como adorno em várias partes de suas peças, sem a intenção de conferir alguma utilidade para eles, ou seja, unicamente tenciona criar os detalhes finais. Bem pouco usados — mas merecedores de comentários — estão presentes o efeito mate (esquecido na febre do brilho molhado), o cropped e as transparências.
Por fim, gosto da maneira que Alexandre Herchcovitch transita sem rumo pelas inspirações. Cada temporada parece ter um tema aleatório, definido de acordo com o humor de quem as criou. Em particular, acredito que essa característica seja a chave de seu sucesso. Assim como estilistas de influência mundial, ele sabe o que quer e não tem medo de sonhar para depois transformar tais delírios em realidade. Como McQueen uma vez disse “Não está no mundo, está na sua mente e eu acho isso é incrível”.
Rafael
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*imagens: ffw.com.br